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Re: Motor Vibrando

Enviado: 06 Set 2022, 16:03
por Gilmar Martins
Luiz Carlos (Rio) escreveu: 04 Set 2022, 14:06
Luiz, eu amo a aviação. Em que motor mais trabalhou? Acho simplesmente fantástico dos aviões a pistão. O que eu mais gosto sem duvidas é o Constelation
Tyo

No início da minha vida profissional eu trabalhei com os motores Pratt & Whitney R-1830-92, que equipavam o bimotor Douglas C-47.

Eram motores radiais com 14 cilindros, com supercompressor. Geravam em potência máxima 1200 HP. Usavam carburador Stromberg de pressão constante (não tinham cuba nem bóia), cujo tamanho (do carburador) era quase o tamanho de um bloco de motor 1.0.
Trabalhei também no motor do Douglas C-54, Pratt & Whitney R-2000-9, de 1450 HP.

O serviço nesses motores não era mole. Regular válvulas era uma operação complicada. Troca de cilindros também.

Mais tarde trabalhei em aviões Hércules C-130, cujos motores já não eram à pistão. Eram motores Allison T56A-7 ou -15, com quase 5000 HP cada um.
Eram motores turbo-hélices.

Sobre o motor do Constellation, era um motor problemático. Meus colegas o chamavam de "casca de ovo". Era o mesmo motor usado nos aviões de patrulha P-15 Neptuno, que a FAB operava na base aérea de Salvador. Bahia.
Esse motor, o Wright R-3350, possuía 3 turbinas nas saídas de escapamento. Essas turbinas, ao contrário das turbinas dos motores automotivos atuais, não comprimiam o ar, e sim eram ligadas mecânica e hidraulicamente ao eixo de manivelas, recuperando assim alguns HP de potência (1000 HP). mas os materiais da época não aguentavam. Eram chamadas de turbinas recuperadoras de potência. Davam muitas panes esses motores.
Hoje esse tipo de turbinas equipam motores de caminhão Scania e Volvo (Motor D13K500, TURBO-TC)


Abs
Olá sr Luiz. Deve ter sido emocionante trabalhar com essas máquinas! Os desafios deviam ser fantásticos. Eu tive uma formação muito rudimentar em mecânica industrial, mas as aulas eram bem interessantes quando tínhamos de fazer os cálculos à base de tabelas, lápis e borracha. Naquele tempo não se permitia calculadores nas escolas, as aulas eram desafiadoras, assim tento imaginar como eram os seus desafios ao dar manutenção em equipamentos tão sofisticados e a séria responsabilidade do trabalho onde incontáveis vidas humanas dependiam de seu serviço. Tiro meu chapéu em admiração para o senhor.

Abraço,

Gilmar