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RADIADOR: ÁGUA OU ADITIVO? INORGÂNICO OU ORGÂNICO?

Enviado: 18 Dez 2013, 19:19
por waldir
RADIADOR: ÁGUA OU ADITIVO? INORGÂNICO OU ORGÂNICO?

Desculpem-me a extensão da matéria.


Os motores de combustão interna, à gasolina, álcool, gás natural, óleo diesel, enfim, combustíveis que literalmente explodem dentro do motor, geram uma enorme quantidade de calor, em função destas explosões contínuas.

Por mais que tenham evoluído ao longo dos anos até hoje, os motores de combustão interna ainda são ineficientes quando têm que converter a energia química em força mecânica. Cerca de 70% da energia da gasolina converte-se em calor quando é queimada. A função do Sistema de Arrefecimento era colocar este calor que está no motor para fora, para o ambiente. Somente 30% da energia gerada eram convertidas em força mecânica. Hoje em dia tiramos mais proveito deste calor, porém o sistema de arrefecimento deve receber mais atenção do motorista.
Antigamente, a solução era simples: a água circulava por túneis no motor, absorvia o calor e depois passava pelo radiador que sempre recebia vento, seja pelo movimento do carro, ou pelo ventilador (ventoinha), resfriando a água novamente.

Com o passar do tempo, descobriu-se que manter o motor em certa temperatura poderia melhorar sua eficiência. Então o Sistema foi aperfeiçoado de modo que sua função agora é aquecer o motor o mais rápido possível e manter a temperatura do motor no nível ideal.
Temperaturas mais altas fazem com que as partes metálicas tenham menos atrito e com que o óleo lubrificante flua melhor entre estas partes. Com melhor fluxo de óleo este também ajudará na absorção de calor, e por isso, surgiram em alguns motores os radiadores de óleo: para resfriá-lo também.

Podemos perceber esta evolução nos Monzas com as temperaturas de trabalho: inicialmente em 80ºC (interruptor 76/86ºC), depois mais moderno com temperatura média de 90ºC (interruptor 87/92ºC) e os Monzas Injetados com temperatura de trabalho na média de 95ºC com Sensor de Temperatura de 91 a 101ºC.

Motores de nova geração e com mais eficiência como alguns da Audi, BMW, VW trabalham com temperaturas entre 115 a 135ºC.

Em todos os casos o equilíbrio da temperatura ideal de trabalho está assentado na Válvula Termostática em primeiro lugar, ela é a porta para o arrefecimento e na sequência os demais os componentes do Sistema de Arrefecimento: Bomba d’água, Trocador de calor/radiador e a Ventoinha.



Fluídos de arrefecimento
A água ao nível do mar ferve em 100ºC (e 1ºC a menos a cada 300m de altura), portanto, não é uma boa ideia utilizar somente água. Então, como fazer?
A combinação correta é: água + aditivo + pressão no sistema (que acrescenta 6ºC no ponto de ebulição da água).

Para obter esta eficiência, é necessário que todos os componentes estejam funcionando corretamente: interruptores e ou sensores de temperatura, válvula termostática, tampa do reservatório de expansão, bomba d’água e claro, o eletro ventilador (ventoinha).

A adição de 50% de etileno glicol à água de arrefecimento faz com que a temperatura de congelamento seja inferior a -33º C - e a de ebulição, superior a 163º C! Mas o que explica essas alterações?

O etileno glicol é capaz de fazer pontes de hidrogênio com a água, o que resulta em um abaixamento da temperatura de congelamento - pode-se dizer que a interação dos dois dificulta a "organização" para a formação de um sólido, o que resulta em um ponto de congelamento que é menor que o das duas substâncias separadas.

As mesmas pontes de hidrogênio, e a diluição, diminuem a pressão de vapor da água e fazem com que a temperatura de ebulição seja intermediária - maior que a da água e menor que a do etileno glicol ( -12,9 a 197,3ºC )

Outras propriedades dos aditivos para radiador
Geralmente, os aditivos para radiador contêm além do etileno glicol (às vezes chamado de MEG, mono etileno glicol), anticorrosivos, corante e tensoativos (antiespumante).
Como o circuito interno de refrigeração de um automóvel é feito de partes metálicas, a presença de água pode ser danosa - com o tempo, acaba havendo lenta corrosão, o que pode até causar perfurações, geralmente no radiador.

Os aditivos para radiadores inibem a corrosão, por apresentarem pequenas quantidades de anticorrosivos: substâncias muito diversas, desde sulfonatos de sódio e ésteres graxos de sódio ou cálcio até carboxi-polímeros. Alguns tensoativos têm a função de evitar a formação de depósitos, enquanto outros têm a função de evitar a formação de espuma. Finalmente, os corantes são apenas para dar um apelo visual à mistura, que de outra forma seria incolor.
[Júlio C. de Carvalho é engenheiro químico e professor do curso de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia da UFPR.]

Os aditivos podem ser encontrados já diluídos em água ou ainda concentrados em diferentes proporções, que são informadas no rótulo da embalagem. Cabe a você e ao seu mecânico verificar qual a mistura correta de água e aditivo para o motor do seu veículo. Esta informação está no manual do proprietário.

Aditivos com pacote anticorrosivos são comumente aplicados em veículos pesados: caminhão, ônibus, caminhonetes...
Nos carros de passeio o monoetilenoglicol ou polímeros neutralizam eventual acidez da água (se filtrada ou torneiral) mantendo o pH por um bom período. A recomendação da utilização de agua desmineralizada é de que tal água já tem pH neutro praticamente zerando a condutividade elétrica do liquido evitando o efeito galvânico.

O que se deve entender por “água” neste caso?
O componente H²O, que encontramos na torneira, tem diversos outros componentes como flúor, cloro, bicarbonatos, sulfatos, cloretos, álcalis. A água mineral também não é pura, pois contém sais minerais. Confira nas embalagens de água mineral.
A água (H²O) é ionizada nos íons hidrogênio (H+) e hidroxila (OH-). Quando estes íons estão em proporções iguais, o pH é neutro 7,0. Quando há mais íons de H+ que íons OH- então é dito que a água é “ácida”. Se os íons OH- excedem em número os íons de H+ então é dito que a água é “alcalina”.

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As Estações de Tratamento de Água conforme portaria Nº 2914 do Ministério da Saúde estabelece a faixa de pH entre 6,0 e 9,5 para consumo humano.
Mesmo que a ETA libere a água com PH 7 ao percorrer encanamentos antigos vai carregar-se de óxidos de ferro e outros sais minerais e ter uma condutividade elétrica de 0,15V (150 milivolts). Com a adição de etileno-glicol ou assemelhados o liquido se torna neutro marcando 0,0V ou 0,05V quando atingir 0,25V de condutividade estará se aproximando do período da troca.

Vide tópico: viewtopic.php?f=15&t=16501

Quando dois ou mais materiais metálicos de diferentes potenciais elétricos estão ligados e se encontram na presença de um eletrólito, ocorre, portanto, uma diferença de potencial, ou seja, ocorre transferência de elétrons de um ponto a outro, este processo corrosivo é conhecido como corrosão galvânica. (Ferro do bloco e alumínio do cabeçote e ou carcaça da bomba d’água e o eixo da bomba + eletrólito = água torneiral que vai se tornando gradativamente mais ácida). O alumínio cede elétrons para o ferro ocasionando erosões, buracos no alumínio, e as partículas de alumínio e os óxidos de ferro ficam em suspensão no líquido aumentando a condutividade elétrica.
O ‘macete’, a resolução do problema é tornar o meio líquido inerte, neutro, que não conduza eletricidade (eletrólito). É manter o pH neutro = 7 adicionando um aditivo de qualidade que mantenha essa neutralidade.


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vide tópico: viewtopic.php?f=9&t=28885

Então a água a ser usada para compor o fluído de arrefecimento é a água deionizada/desmineralizada; “água para bateria”(pH 7); água filtrada para redução de cloro(pH 7 a 7,1), e por último ‘torneiral’... nesta ordem e no tamanho do $eu bol$o.

Conforme manual do proprietário na seção 6 a GM indica para o Monza a dosagem de 40% de aditivo e 60% de água (3 litros de aditivo e 4,5 litros de água > 3+4,5=7,5litros; 3/7,5= 0,40 = 40% de aditivo ).

O melhor trocador de calor é a água = 1kcal/cm3
(1.000 calorias por centímetro cúbico = 1ºC)


O mono-etileno-glicol puro troca apenas 0,62kcal/cm3
A mistura 60% água + 40% aditivo deverá trocar cerca de 0,900kcal/cm3


Portanto, não coloque somente aditivo concentrado sem diluição no sistema que deverá aquecer ao invés de arrefecer. O maior responsável pela troca de calor é a água.

Denominações
Fluido para radiador, aditivo para radiador, liquido de arrefecimento, fluído arrefecedor, aditivo de arrefecimento, coolant... são os vários nomes para a mesma coisa.

Os aditivos produzidos para os automóveis fabricados antes de 2001 eram composto por aditivos etilenos, todos de coloração azul ou verde. Por causa das leis ambientais, as montadoras tiveram de iniciar a produção de líquidos orgânicos. Cada fabricante adota uma empresa de aditivo e uma tonalidade, vermelho, rosa, amarelo.

Use uma marca consagrada de aditivo que você ou seu “mecânico-bão” conheça, e desconfie do preço muito baixo.
As montadoras através de suas concessionárias ainda disponibilizam marcas homologadas.
As marcas mais conhecidas no mercado são:
Bardhal Rad Cool Plus, Radiex, Paraflu, Valeo Protect, Delphi, ACDelco, HiTech, etc

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Se for mudar de marca, ou mudar de inorgânico (azul/verde) para o orgânico (vermelho/rosa/amarelo) ou vice-versa, deve-se lavar o sistema criteriosamente para evitar reação química entre eles ou com os resíduos que poderão provocar borras no sistema com prejuízo do arrefecimento.

Mito
Muita gente acredita, até hoje, que a aplicação de aditivo pode corroer partes do sistema de arrefecimento. Você coloca o aditivo e começam a aparecer vazamentos.

Se você só utilizava água da torneira, a ferrugem e óxidos acumulados nas peças do motor poderão ser removidos por aditivos especiais para limpeza. Alguns destes limpadores fazem o serviço no sistema em no máximo 15 minutos; outros menos agressivos podem ser usados por uma semana; e a ferrugem e incrustações acumuladas que podiam estar impedindo algum vazamento, quando forem removidos, poderão provocar vazamentos. O aditivo de limpeza fez a sua parte. Logo, a culpa do vazamento ou da corrosão de alguma peça não é dele, aditivo. É sua!

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Se fizer uma limpeza no sistema até a água sair limpa e colocar um aditivo na proporção indicada não deverá ocorrer vazamentos por que os aditivos com monoetilenoglicol ou com polímeros não fazem a ‘decapagem’ das incrustações. Vão proteger o sistema da continuidade da erosão devido a redução drástica da condutividade elétrica.

Os aditivos são disponibilizados à venda em embalagens semelhantes, porém, cada fabricante coloca seu produto com graus de concentração diferentes e durabilidade variável: 1 ano; 18 meses; 2 anos, 3 anos, os ‘long life’.

Por isso é importante ler as especificações do rotulo do produto sobre a diluição, sobre a validade da solução no Sistema de Arrefecimento. E se aquele produto que atende as exigências das Normas ABNT de concentração ou de diluição (prontos para utilização).

Os produtos a base de Monoetilenoglicol oferecem proteção antifervura e anticongelante, e anticorrosiva (pH7).
Os produtos a base de Polímeros oferecem proteção antifervura e anticorrosiva(pH7). Além do que são biodegradáveis

Os aditivos de base inorgânica devem atender à norma ABNT NBR 13.705 para produtos concentrados, o que implica em adicionar água na proporção indicada pelo fabricante do veículo para formar a solução arrefecedora. Os produtos concentrados não devem conter mais que 5% de água sendo que o limite mínimo de Mono Etileno Glicol tipo A é de 95%; além de ensaio de corrosão na diluição de 33% e manutenção do PH especificado.

Os aditivos de base orgânica devem atender à norma ABNT NBR 15.297 para produtos concentrados. Semelhante à anterior.
E a norma ABNT NBR 14.261 é para aditivos orgânicos ou inorgânicos diluídos (prontos para uso), na proporção de 50/50.

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As normas da ABNT, bem como o Código de Defesa do Consumidor, fazem exigências para que algumas informações constem no rótulo do produto. Uma delas é a indicação da norma ABNT a que o produto atende. O próprio consumidor pode identificar, analisando o rótulo, se aquele produto que está adquirindo atende às especificações descritas no manual do veículo, lembrando apenas que o produto quando ensaiado deve atender a todos os requisitos da norma referente, não apenas a um deles.

Conforme a ABNT NBR 14.844, norma de recomendações práticas para líquidos de arrefecimento para motores, para reposição do fluido arrefecedor recomenda-se utilizar 50% do aditivo Coolant com 50% de água ou utilizar a solução arrefecedora conforme ABNT NBR 14.261.
Cuidado para não misturar marcas/fabricantes embora a coloração possa ser a mesma.

Lembre-se de que o produto ideal é aquele indicado no manual do fabricante do veículo, ou se não tiver manual ou o carro for antigo, usar aditivo de qualidade de alguma marca conceituada.

FONTES DE INFORMAÇÕES: WEB-INTERNET

18.12.13
waldir

Re: RADIADOR: ÁGUA OU ADITIVO? INORGÂNICO OU ORGÂNICO?

Enviado: 18 Dez 2013, 21:06
por tyo
só para complementar:


como sempre boa Valdir :smt023

Re: RADIADOR: ÁGUA OU ADITIVO? INORGÂNICO OU ORGÂNICO?

Enviado: 19 Dez 2013, 17:21
por waldir
Mais alguns danos por falta de aditivo








Re: RADIADOR: ÁGUA OU ADITIVO? INORGÂNICO OU ORGÂNICO?

Enviado: 19 Dez 2013, 18:03
por tyo
mais um:

Re: RADIADOR: ÁGUA OU ADITIVO? INORGÂNICO OU ORGÂNICO?

Enviado: 19 Dez 2013, 19:46
por WALDSR
Excelente matéria.
Sempre com a finesse e postura educada, típico de quem realmente conhece e transmite com redação impecável.

Poderia fazer considerações sobre o óleo solúvel, usado como liquido de arreferecimento em carros dos anos 70?.

Re: RADIADOR: ÁGUA OU ADITIVO? INORGÂNICO OU ORGÂNICO?

Enviado: 19 Dez 2013, 20:25
por waldir
WALDSR escreveu:Excelente matéria.
Poderia fazer considerações sobre o óleo solúvel, usado como liquido de arreferecimento em carros dos anos 70?.
Waldsr,
não tenho experiência sobre óleo solúvel para utilização em radiadores. Que eu me lembro na empresa que trabalhei tinha um enorme setor de usinagem e uma central de recuperação do óleo soluvele uma centrifuga para 'secar' os cavacos de aço recuperando mais óleo. O óleo era usado com refrigerante e lubrificante na usinagem. Continha um pacote quimico de anticorrosivos e depois foi acrescentado um pacote antibacteriano, após um indivíduo à noite ter urinado na canaleta quer recolhia o óleo solúvel das máquinas e degradou o conteúdo do tanque de recuperação, foi a maior fedentina e dermatite em alguns operadores.

Mas, para os motores e radiadores antes de 70 penso que eram funcionais por que os radiadores eram de cobre ou latão (vi uma informação que atacaria o alumínio, não sei se é real), os cabeçotes de ferro fundido como os do bloco (em sua grande maioria) e a ventoinha funcionava direto e penso que não havia VT e o uso do óleo por si só não aumentava a a temperatura da fervura além da pressurização que jogava para 106 a 110ºC

Mas recomendava-se nos primeiros Monzas cerca de um copinho de café de óleo soluvel (30ml) e 40% de etilenoglicol + água.

Mas, se eu conseguir pesquisar a respeito com mais profundidade virei aqui postar as correções ao meu comentário acima.

Re: RADIADOR: ÁGUA OU ADITIVO? INORGÂNICO OU ORGÂNICO?

Enviado: 19 Dez 2013, 20:30
por cleyton
Queria deixar minha dica aqui, sempre usei água pura, mas depois de vários depoimentos, resolvi deixar tudo funcionando corretamente.
Comprei o aditivo depois de algumas pesquisas e mesmo assim fui enganado, o rotulo gera uma confusão mostrando a norma ABNT/NBR e até tem na composição Monoetilenoclicol mas o que vi somente depois, foi que a norma aplica -se somente para corrosão. vou usar assim por enquanto e depois trocar todo o liquido por algum de marca, e prestar mais atenção no rotulo.

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Re: RADIADOR: ÁGUA OU ADITIVO? INORGÂNICO OU ORGÂNICO?

Enviado: 19 Dez 2013, 20:45
por waldir
Cleyton,

Eu não vi nada de errado, e o item 8 se refere ao ensaio de corrosão para Latão, Solda, Ferro Fundido, Alumínio, Aço Carbono.

Se vc está preocupado faça o controle sobre a Condutividade Eletrica, quando chegar a 0,30V (300 milivolts) troque o aditivo.

waldir