Bernardo Gaetani escreveu:DelRey é um carro esquisito, um substituto para o Maverick, com alma de Corcel e motor anêmico. A Ford bem que poderia ter lançado por aqui o Granada ou o Sierra.
Um pouco da história do DEL REY:
"Em 1981 nascia outro membro de sucesso da família Corcel: o Del Rey. Especialista em carros de luxo, como o Galaxie/Landau/LTD, a empresa de origem americana caprichou neste quesito para o novo carro. Era um sedã médio, de três volumes bem definidos, confortável, luxuoso, elegante, e oferecia quatro portas, opção que faltava na linha Corcel II. O desenho da carroceria agradava, com a traseira baixa e de amplas lanternas conferindo sofisticação. A grade, de frisos verticais, procurava associação com o luxuoso Landau. Tinha duas versões de acabamento: Ouro, mais luxuosa, e básica, que ficou conhecida como Prata. Os bancos tinham desenho sóbrio e o painel contava com instrumentação abundante, a mais completa nacional. Havia até manômetro de óleo e voltímetro, itens raros em automóveis durante toda a história de nossa indústria. O fundo azul era de gosto duvidoso, mas foi um tentativa de fugir do convencional. Para 1985 toda a linha era reestilizada, pois o desenho já contava com sete anos de mercado. Traziam frente inclinada e mais arredondada, nova grade (com muitas lâminas no Corcel e apenas três no Del Rey, neste caso pintadas na cor da carroceria) e faróis em forma de trapézio. Del Rey e Scala tinham um spoiler de plástico sob o pára-choque dianteiro com faróis de neblina integrados. Atrás, lanternas redesenhadas e com luzes de direção em tom âmbar, que se tornavam obrigatórias no Brasil.As novas versões usavam as siglas L, GL , GLX e o nome Ghia . Esta última, versão de topo -- com nome emprestado do estúdio de estilo italiano que numerosas vezes trabalhou para a Ford --, inovava com rodas de 14 pol com pneus 195/60, em substituição às de 13 pol com pneus 185/70. Foram os primeiros de perfil baixo em carros não-esportivos no Brasil.No segundo semestre de 1989 a Autolatina começava a gerar frutos no mercado. Enquanto o Gol recebia o econômico motor CHT, rebatizado AE-1600, na Ford o Escort, Del Rey, Belina e Pampa passavam a contar com o mais moderno e potente motor AP-1800 da Volkswagen, de 1,8 litro e comando de válvulas no cabeçote, o mesmo que equipava todos os tração-dianteira da linha VW.Com este motor o Del Rey tornou-se mais ágil, ganhando em aceleração e velocidade máxima -- dois quesitos que, durante toda sua existência, faltavam à linha Corcel. Não que o motor originário da Renault fosse ruim -- pelo contrário, era robusto, econômico e de manutenção simples. Mas sempre inadequado ao peso do carro e já um tanto envelhecido. O consumo continuava bom com a nova alma e o câmbio Ford dava lugar ao reconhecidamente preciso da VW. A suspensão, recalibrada para maior firmeza, recebia molas traseiras progressivas (exceto no Pampa) que evitavam seu afundamento excessivo com carga.
O automóvel continuava muito confortável, silencioso, bem equipado e acabado. Apesar dessas qualidades e da mecânica eficiente emprestada da marca sócia, o Del Rey estava defasado. Sua produção foi encerrada em 1991, ano do surgimento do Versailles -- um Santana adaptado ao estilo Ford, sem o acabamento do Del Rey e a esportividade da linha VW, que não fez sucesso.